"Como seriam venturosos os agricultores, se conhecessem / os seus bens!"

"A agricultura é a arte de saber esperar."Douglas Alves Bento

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Economia solidária leva esperança a agricultores cearenses


Os Fundos Rotativos Solidários têm revertido uma situação delicada no Ceará: a falta de recursos para plantação. Muitas comunidades já estão lucrando, fazendo com que o dinheiro fornecido inicialmente seja devolvido e investido em outra comunidade.
No Brasil, milhares de pequenos agricultores sofrem com a falta de infra-estrutura e recursos para tocar suas plantações. Além do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) - executado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - que abre linhas de créditos facilitadas, outras iniciativas vêm vencendo essas dificuldades. É o caso dos Fundos Rotativos Solidários, no qual poder público, sociedade civil e organismos internacionais se unem para levar a economia sustentável até agricultores carentes.

Os Fundos Rotativos Solidários funcionam como uma espécie de poupança comunitária. Os recursos poupados são aplicados em obras de infra-estrutura e projetos de geração de trabalho, renda e inclusão social na própria comunidade. Os Fundos podem ser financiados com dinheiro vindo de organismos internacionais mas podem também nascer com recursos da própria comunidade e dos governos federal, estaduais e municipais.

Quando o objetivo é alcançado numa comunidade beneficiada, os agricultores começam então a devolver - em espécie ou em sementes - o dinheiro fornecido pelos Fundos. Esses recursos vão novamente girar a roda da economia e atender, imediatamente, outros grupos. E assim sucessivamente. A comunidade Bulandeira, no Município de Santana do Acaraú, no Ceará, é um exemplo de como funciona a ação.

Em 2005, foram disponibilizados R$ 5 mil para a construção de uma Casa de Farinha Comunitária e de galpões; e também para a compra de equipamentos para Casa de Sementes. Hoje, as 30 famílias que lá vivem estão lucrando com a produção de farinha de mandioca e já começam a devolver o dinheiro originário dos Fundos Rotativos Solidários.

Para Bulandeira, especificamente, os recursos vieram da Cáritas Brasileira, organização ligada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Mas os Fundos contam ainda com apoio dos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e também com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

“Hoje”, explica a agricultora Terezinha Batista, de 21 anos, “não dependemos mais da semente ou da farinha de ninguém”. O desabafo vem apoiado na triste lembrança do passado recente da comunidade Bulandeira. Sem espaço para plantar, nem condições econômicas, a situação era precária. Cada família cultivava a terra ao redor da própria casa para subsistência.

Agora, há Casas de Sementes e de Farinha que funcionam a pleno vapor. Em 2006, inclusive, a comunidade produziu 15 toneladas de farinha. O ganho foi de quase R$ 7 mil. A plantação de mandioca, feijão e milho é cultivada nas propriedades vizinhas ao custo de 10% da produção total.

Parceiro Fome Zero - Com os recursos injetados nos Fundos – mais de R$ 140 mil – o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), uma das instituições parceiras do Fome Zero, vem formando uma economia sustentável em 18 comunidades cearenses. No total, 180 famílias de agricultores familiares do Semi-Árido cearense estão sendo beneficiadas.

Na comunidade Penanduba, em Frecheirinha, no Noroeste do Ceará, vivem 60 famílias. Sete delas começaram a se organizar assim que souberam da existência dos Fundos. Atualmente, já plantam de forma comunitária. O agricultor Renê Mourão da Costa, de 22 anos, explica que o projeto está apenas iniciando e que deve crescer nos próximos anos. “Em Penanduba, moram e plantam 60 famílias, mas apenas sete aderiram à Casa de Sementes”, afirma. “O pensamento aqui é muito individualista ainda”.

Cada família tem cerca de um hectare para cultivo de feijão e milho. E tem que ir atrás da boa vontade de terceiros para produzir mais. No caso da plantação comunitária em torno da Casa de Sementes, já foram viabilizados dois novos hectares, sem custo, para a plantação.

A situação é ainda delicada. O clima pouco ajuda e o cuidado com a terra é quase nulo. As queimadas e o uso de agrotóxicos reinavam em Penanbuba. “Estamos, aos poucos, invertendo este quadro”, comemora Renê Mourão. Além disso, ele conta que, após ter participado de um seminário em Brasília sobre Fundos Rotativos Solidários, está mobilizado para incluir famílias da comunidade em programas sociais, como o Bolsa Família.

De acordo com a secretária de Articulação Institucional e Parcerias, do MDS, Kátia Campos, o Bolsa Família é uma política estratégica na superação das desigualdades sociais e é parceiro dos Fundos Rotativos Solidários. “Existem famílias que, com o dinheiro do Bolsa Família, contribuem na constituição de fundos rotativos para melhorar a vida de toda a comunidade”, lembra ela.

A formação de uma economia sustentável – iniciada na comunidade Bulandeira – está surgindo também em outras 18 comunidades espalhadas por 15 Municípios cearenses: Irauçuba, Tururu, Itapipoca, Aracati, Fortim, Morada Nova, Russas, Sobral, Bela Cruz, Independência, Carius, Acopiara, Crato, Carnaubal e Tianguá.


Conheça mais sobre a Cáritas Brasileira e o Banco do Nordeste do Brasil.

Seja um parceiro Fome Zero.


Vítor Corrêa – (61) 3433-1056
Internet-Ascom/MDS

Nenhum comentário:

Postar um comentário