"Como seriam venturosos os agricultores, se conhecessem / os seus bens!"

"A agricultura é a arte de saber esperar."Douglas Alves Bento

terça-feira, 27 de setembro de 2011

SERÁ QUE VALE A PENA?

O submundo da produção da cana-de-açúcar em São Paulo


 
Estado que detém 60% da produção nacional, São Paulo, não divide a riqueza derivada do boom de etanol com seus 135 mil cortadores, que vivem em situações precárias

São Paulo, 23 de agosto de 2.008 - Pontualmente às 4h42, a canavieira Ilma Francisca de Souza parte para o trabalho com sua marmita fornida de arroz coberto por uma lingüiça cortadinha. Em outro bairro de Serrana, ainda antes de o sol nascer, Rosimira Lopes sai para o canavial levando arroz com um só acompanhamento: feijão.
Durante o dia, elas vão dar conta da comida, que já terá esfriado. A despeito do notável progresso que ergue usinas de etanol com tecnologia assombrosa, o Brasil segue sem servir refeições quentes aos lavradores da cana-de-açúcar. A bóia continua fria.
Durante dois meses, a Folha investigou as condições de vida e trabalho dos cortadores de cana no Estado que detém 60% da produção do país que é o principal produtor do planeta. Gente como Ilma e Rosimira.
Em uma das etapas de apuração da reportagem, por 15 dias percorreram-se 3.810 quilômetros de carro, o equivalente a nove trajetos São Paulo-Rio de Janeiro.
Pela primeira vez em cinco séculos, desde que as mudas pioneiras foram trazidas pelos portugueses, em 2008 ao menos metade da cana de São Paulo não será colhida por mãos, mas por máquinas. É o que anunciam os usineiros.
Como na virada do século 16 para o 17, quando o país era o líder do fabrico de açúcar, a cana oferece imensas oportunidades ao Brasil, em torno do álcool combustível do qual ela é matéria-prima. O etanol pode se transformar em commodity, com cotação no mercado internacional. As usinas geram energia elétrica.
A riqueza do setor sucroalcooleiro, que movimentará neste ano R$ 40 bilhões, não atingiu os lavradores. Em 1985, um cortador em São Paulo ganhava em média R$ 32,70 por dia (valor atualizado). Em 2007, recebeu R$ 28,90. A remuneração caiu, mas as exigências no trabalho aumentaram. Em 1985, o trabalhador cortava 5 toneladas diárias de cana. Na safra atual, 9,3.
Em 19 cidades do interior - na capital foi ouvido um representante dos empresários- , os repórteres procuraram entender porquê, entre nove culturas agrícolas, a da cana reúne os trabalhadores mais jovens.
Exige alto esforço físico uma atividade em que é preciso dar 3.792 golpes com o facão e fazer 3.994 flexões de coluna para colher 11,5 toneladas no dia. Nos últimos anos, mortes de canavieiros foram associadas ao excesso de trabalho.
Conta-se a seguir o caso de um bóia-fria que morreu semanas após colher 16,5 toneladas. Não há paralelo em qualquer região com tamanho rendimento.
Na estrada, flagraram-se ônibus deteriorados, ausência de equipamentos de segurança no campo, moradias sem higiene e pagamento de salário inferior ao mínimo.
Conheceram-se comunidades de canavieiros que dependem do Bolsa Família, migrantes que tentam a sorte e lavradores que querem se livrar do crack e de outras drogas.
Descobriram-se documentos que comprovam a existência de fraudes no peso da cana, lesando os lavradores.
Escravidão
No auge e na decadência do ciclo da cana-de-açúcar, os escravos cuidaram da lavoura e puseram os engenhos para funcionar. A arrancada do etanol brasileiro foi dada por lavradores na maioria negros.
Assim como os escravos sumiram de certa historiografia, os cortadores são uma espécie invisível nas publicações do setor. Exibem-se usinas high-tech, mas oculta-se a mão-de-obra da roça.
Impressiona na viagem ao mundo e ao submundo da cana a semelhança de símbolos da lavoura atual com a era pré-Abolição. O fiscal das usinas é chamado de feitor.
Acumulam-se denúncias de trabalho escravo. É um erro supor que as acusações de degradação passem longe do Estado mais rico do país e se limitem ao "Brasil profundo".
Uma delas é narrada adiante. Em São Paulo, localiza-se Ribeirão Preto, centro canavieiro tratado como a nossa "Califórnia".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem minimizado os relatos sobre trabalho penoso nos canaviais. No ano passado, ele disse que os usineiros "estão virando heróis nacionais e mundiais porque todo mundo está de olho no álcool".
O medo de retaliações é grande entre os canavieiros. Nenhum nome foi mudado nos textos, mas algumas pessoas, a pedido, são identificadas apenas pelo prenome ou nem isso. As entrevistas foram gravadas com consentimento.
São muitos esses anti-heróis: segundo os usineiros, há 335 mil cortadores de cana no Brasil, incluindo os 135 mil de São Paulo. No Estado, prevê-se a extinção do corte manual para 2015, junto com as queimadas que facilitam a colheita.
Ilma e Rosimira compõem uma espécie em extinção. Por meio milênio, os cortadores, escravos ou assalariados, viveram tempos difíceis. Nos próximos anos, não será diferente: com baixa qualificação, eles terão de procurar outros meios de sobrevivência.
Não há sindicato que não constate queda nas contratações.
O canavial não está tão longe quanto parece: ao encher o tanque com 49 litros de álcool, consome-se uma tonelada de cana; quando se adoça com açúcar o café da manhã, milhares de brasileiros já estão na lavoura de facão na mão.
A morte cansada
Com produção em alta e salários em queda, excesso de trabalho ronda canaviais
Se dinheiro chama dinheiro, como dizem, então pobreza chama pobreza -e tragédia agoura tragédia. Procurada em Guariba para conversar sobre o marido, morto após passar mal no canavial em 2005, Maildes de Araújo se põe a falar do morto de duas semanas antes: o cunhado, também cortador de cana.
José Pindobeira Santos tinha 65 anos. Colheu cana até o ano retrasado. "Ele reclamava da barriga, de cólicas", diz a filha Ivanir, faxineira. Voltava da lavoura com dor na virilha. Nunca se tratou ou foi tratado.
Pindobeira morreu de obstrução intestinal e broncoaspiração. Não se sabe até que ponto a lida na roça baqueou sua saúde. Nos anos 1960 já cortava cana nos arredores de Guariba.
Seu concunhado Antonio Ribeiro Lopes, o marido da baiana Maildes, veio ao mundo em julho de 1950, três dias antes do fracasso supremo do futebol pátrio, a final da Copa. Migrou de Berilo (MG), município da paupérrima região do Vale do Jequitinhonha.
Em acidentes registrados - a subnotificação é considerável -, o facão rasgou-lhe perna e joelho. Dores no ombro direito o afastaram da roça. Penava com dor de cabeça. O empenho no trabalho desencadeava cãibras na barriga, nas pernas e nos braços. Sofria da doença de Chagas, mas não o licenciaram.
Era funcionário da usina Moreno. Sucumbiu no campo e o levaram para o hospital. Causa da morte: "cardiopatia chagásica descompensada".
Lopes integra a relação de duas dezenas de canavieiros mortos no interior paulista de 2004 a 2007, o caçula com 20 anos. A lista foi elaborada pela Pastoral do Migrante -há mais mortes, não contabilizadas.
Dela não constam acidentes de trabalho -em 2005, de cada mil trabalhadores no cultivo da cana, 48 sofreram acidente ocupacional, registraram as pesquisadoras da USP Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes e Andrea R. Ferro.
Naquele ano, segundo o Ministério do Trabalho, morreram de acidentes 84 pessoas no setor sucroalcooleiro, incluindo lavoura e indústria (3,1% das mortes por acidentes de trabalho no Brasil). O Ministério Público do Trabalho investiga a razão dos óbitos e sua associação com o caráter exaustivo do corte manual.
Relatório de 2006 da Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho enumera dezenas de irregularidades em empresas nas quais trabalhavam os lavradores que morreram.
Uma é o não-cumprimento do descanso de uma hora para o almoço. Os cortadores comem em dez, 20 minutos, para logo empunhar de novo o facão. Eles ganham por produção. Nenhum laudo atesta que a atividade foi decisiva para os óbitos. Seria difícil: dos oito esquadrinhados pelo ministério, só em dois houve necropsia.
O texto da Secretaria de Inspeção afirma: "As causas de mal súbito, parada cardiorrespiratória e AVC [acidente vascular cerebral], descritas nas certidões de óbito, não são elementos de convicção que justifiquem a morte natural, como alegam as empresas".
Há indícios sobre por que morrem os canavieiros
Em 1985, os cortadores do Estado produziam em média 5 toneladas diárias de cana. Em 2008, são 9,3 toneladas, 86% a mais. Há 23 anos, um lavrador recebia R$ 6,55 por tonelada e R$ 32,70 por jornada. Em 2007, 1.000 kg valeram R$ 3,29. A remuneração por dia, R$ 28,90 (menos 12%).
A produtividade disparou e o salário caiu. Com a mecanização acelerada do corte e a expansão do desemprego, ficam os mais eficientes. O homem compete com a colheitadeira.
Os números de 1985 e 2007 são do Instituto de Economia Agrícola. Atualizados para reais de agosto de 2007, encontram-se em artigo dos pesquisadores Rodolfo Hoffmann (Unicamp) e Fabíola C.R. de Oliveira (USP).
"Penoso" e "desumano"
José Mário Gomes morreu em 2005 aos 44 anos. Era empregado da usina Santa Helena, do grupo Cosan, líder da produção de cana no planeta. "O óbito ocorreu nos períodos de maior produtividade, com picos alternados", informa o Ministério do Trabalho.
Valdecy de Lima trabalhava na usina Moreno, como Antonio Ribeiro Lopes. Em 7 de julho de 2005, desabou na roça. Morreu aos 38 anos, de acidente vascular cerebral. Em 17 de junho, decepara 16,5 toneladas.
A Moreno alega que as mortes de Antonio e Valdecy "não ocorreram em decorrência do esforço do trabalho". A Cosan diz que as causas do óbito de José Mário "ainda estão sendo investigadas pelos órgãos competentes. A empresa prestou todos os atendimentos necessários e colocou seu departamento de serviço social à disposição da família do colaborador. A Cosan cumpre rigorosamente a legislação trabalhista".
O Ministério Público do Trabalho relaciona as mortes à rotina "penosa" e "desumana" e prepara ação contra o pagamento por produção, quando o grosso da remuneração depende do desempenho. É preciso acumular em oito meses, a duração da safra, o suficiente para 12 -a maioria é dispensada na entressafra.
Usineiros e segmento expressivo dos trabalhadores desejam manter o sistema
O afinco para cortar mais e mais provoca situações como uma acontecida em 2007. Sob o sol, em dia de temperatura máxima de 37ºC à sombra, nove trabalhadores foram hospitalizados após se sentirem mal em uma fazenda de Ibirarema.
Reclamavam de cãibras e vomitavam. Algumas usinas fornecem no campo bebidas reidratantes para a mão-de-obra suportar o desgaste.
Em áreas de corte manual, os canaviais costumam ser queimados antes da colheita. O fogo queima a palha da cana, e restam apenas as varas, o que facilita o trabalho. Quando o facão golpeia as varas com fuligem, o pó se espalha, entra pelo nariz e gruda na pele. A plantação recebe agrotóxicos. O lavrador não costuma receber máscara.
Em tese de doutorado na Unesp, a bióloga Rosa Bosso constatou que o nível de HPAs, substâncias cancerígenas, expelidos na urina de quatro dezenas de trabalhadores era nove vezes maior na safra do que na entressafra.
Em temporada sem colheita, Antonio Lopes sobreviveu como carregador de sacas de açúcar. Maildes o conheceu na lavoura da cana, onde o namoro engatou. Ainda hoje a viúva se orgulha: "Ele não era de enjeitar serviço".
Fonte: Folha de São Paulo, Mário Magalhães e Joel Silva, enviados especiais ao interior de SP

FETRAECE realiza Plenárias Regionais





 
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A FETRAECE realiza as Plenárias Regionais de Trabalhadores/as Rurais, que acontecerão nas 08 (oito) regiões do estado.

As Plenárias têm por objetivo discutir o texto base da 3ª Plenária Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da FETRAECE, que acontecerá no período de 14 a 16 de dezembro de 2011, em Beberibe/CE.

Durante as Plenárias Regionais, ainda serão eleitos/as os/as delegados e delegadas que participarão da Plenária Estadual.

Na ocasião, será debatido o texto base, bem como feito emendas ao documento.

Abaixo,datas e locais das Plenárias Regionais:

Regional da FETRACE em Sobral

Dias 20 e 21 de setembro de 2011

Local: Sede da Regional da FETRAECE – Sobral/CE

Regional da FETRACE no Cariri

Dias 28 e 29 de setembro de 2011

Local: Sede da Regional da FETRAECE no Cariri – Crato/CE

Regional da FETRACE na Grande Fortaleza

Dias 29 e 30 de setembro de 2011

Local: Sede da FETRAECE – Fortaleza/CE

Regional da FETRACE no Vale do Jaguaribe

Dias 04 e 05 de outubro de 2011

Local: Sede do STTR de Russas/CE

Regional da FETRACE em Itapipoca

Dias 05 e 06 de outubro de 2011

Local: Centro de Formação Sindical do STTR de Itapipoca/CE

Regional da FETRACE no Sertão Central

Dias 13 e 14 de outubro de 2011

Local: Sede da Regional – Quixadá/CE

Regional da FETRACE em Iguatu

Dias 13 e 14 de outubro de 2011

Local: Sede do STTR de Iguatu/CE

Regional da FETRACE em Crateús

Dias 13 e 14 de outubro de 2011

Local: Auditório da CDL – Crateús/CE

MDS libera R$ 50 milhões para Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar


27/09/2011 11:00
Entre 2003 a 2010, R$ 1,3 bilhão já foram liberados para compra de 656 mil toneladas de alimentos de 466 mil famílias. Prioridade é atender público do Plano Brasil Sem Miséria. Programa permite compra de grande variedade de produtos, utilizados no abastecimento de bancos de alimentos, cozinhas comunitárias, restaurantes populares e da rede socioassistencial
Brasília, 27 - Para atender à população em insegurança alimentar, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) liberou R$ 50 milhões para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) executar o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) em todo o País. O valor corresponde à parcela de um total de R$ 400 milhões previstos para 2011 e integra termo de cooperação entre o MDS e a Conab. Neste ano, a meta é adquirir alimentos de cerca de 87 mil famílias de agricultores familiares, com prioridade para o público do Plano Brasil Sem Miséria.

O PAA é uma ação do MDS e a Conab é um dos parceiros na execução. A companhia opera, com recursos do MDS, três modalidades: Compra Direta da Agricultura Familiar, Compra com Doação Simultânea e Formação de Estoque pela Agricultura Familiar. De 2003 a 2010, o ministério já liberou para a Conab R$ 1,3 bilhão para adquirir 656 mil toneladas de alimentos de 466 mil famílias.

O programa permite a compra de uma grande variedade de produtos, utilizados no abastecimento da rede de equipamentos públicos de Alimentação e Nutrição (Banco de Alimentos, Cozinhas Comunitárias e Restaurantes Populares) e da rede socioassistencial.

Além da Conab, o MDS também estabelece parceiras com governos estaduais e municipais para implementação do PAA. Desde 2003, o PAA já investiu mais de R$ 3,5 bilhões na aquisição de 3,1 milhões de toneladas de alimentos de cerca de 160 mil agricultores por ano em mais de 2.300 municípios. Os produtos abastecem anualmente 25 mil entidades, beneficiando 15 milhões de pessoas. Para 2011, o orçamento do programa é de R$ 793 milhões.

Programa – O PAA contribui para a segurança alimentar e nutricional de pessoas atendidas pela rede de equipamentos públicos de alimentação e nutrição (Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias, Bancos de Alimentos) e pela rede socioassistencial, além de promover a inclusão econômica e social no campo, por meio do fortalecimento da agricultura familiar.

Os alimentos são adquiridos diretamente de agricultores familiares ou de suas organizações (cooperativas e associações), dispensada a licitação, desde que os preços sejam compatíveis com os praticados nos mercados locais e regionais. Por ano, os agricultores podem vender ao programa R$ 4,5 mil. Na modalidade leite, os produtores podem vender R$ 4 mil por semestre.

Dimas Ximenes
Ascom/MDS
(61) 3433-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

Economia solidária leva esperança a agricultores cearenses


Os Fundos Rotativos Solidários têm revertido uma situação delicada no Ceará: a falta de recursos para plantação. Muitas comunidades já estão lucrando, fazendo com que o dinheiro fornecido inicialmente seja devolvido e investido em outra comunidade.
No Brasil, milhares de pequenos agricultores sofrem com a falta de infra-estrutura e recursos para tocar suas plantações. Além do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) - executado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - que abre linhas de créditos facilitadas, outras iniciativas vêm vencendo essas dificuldades. É o caso dos Fundos Rotativos Solidários, no qual poder público, sociedade civil e organismos internacionais se unem para levar a economia sustentável até agricultores carentes.

Os Fundos Rotativos Solidários funcionam como uma espécie de poupança comunitária. Os recursos poupados são aplicados em obras de infra-estrutura e projetos de geração de trabalho, renda e inclusão social na própria comunidade. Os Fundos podem ser financiados com dinheiro vindo de organismos internacionais mas podem também nascer com recursos da própria comunidade e dos governos federal, estaduais e municipais.

Quando o objetivo é alcançado numa comunidade beneficiada, os agricultores começam então a devolver - em espécie ou em sementes - o dinheiro fornecido pelos Fundos. Esses recursos vão novamente girar a roda da economia e atender, imediatamente, outros grupos. E assim sucessivamente. A comunidade Bulandeira, no Município de Santana do Acaraú, no Ceará, é um exemplo de como funciona a ação.

Em 2005, foram disponibilizados R$ 5 mil para a construção de uma Casa de Farinha Comunitária e de galpões; e também para a compra de equipamentos para Casa de Sementes. Hoje, as 30 famílias que lá vivem estão lucrando com a produção de farinha de mandioca e já começam a devolver o dinheiro originário dos Fundos Rotativos Solidários.

Para Bulandeira, especificamente, os recursos vieram da Cáritas Brasileira, organização ligada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Mas os Fundos contam ainda com apoio dos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e também com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

“Hoje”, explica a agricultora Terezinha Batista, de 21 anos, “não dependemos mais da semente ou da farinha de ninguém”. O desabafo vem apoiado na triste lembrança do passado recente da comunidade Bulandeira. Sem espaço para plantar, nem condições econômicas, a situação era precária. Cada família cultivava a terra ao redor da própria casa para subsistência.

Agora, há Casas de Sementes e de Farinha que funcionam a pleno vapor. Em 2006, inclusive, a comunidade produziu 15 toneladas de farinha. O ganho foi de quase R$ 7 mil. A plantação de mandioca, feijão e milho é cultivada nas propriedades vizinhas ao custo de 10% da produção total.

Parceiro Fome Zero - Com os recursos injetados nos Fundos – mais de R$ 140 mil – o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), uma das instituições parceiras do Fome Zero, vem formando uma economia sustentável em 18 comunidades cearenses. No total, 180 famílias de agricultores familiares do Semi-Árido cearense estão sendo beneficiadas.

Na comunidade Penanduba, em Frecheirinha, no Noroeste do Ceará, vivem 60 famílias. Sete delas começaram a se organizar assim que souberam da existência dos Fundos. Atualmente, já plantam de forma comunitária. O agricultor Renê Mourão da Costa, de 22 anos, explica que o projeto está apenas iniciando e que deve crescer nos próximos anos. “Em Penanduba, moram e plantam 60 famílias, mas apenas sete aderiram à Casa de Sementes”, afirma. “O pensamento aqui é muito individualista ainda”.

Cada família tem cerca de um hectare para cultivo de feijão e milho. E tem que ir atrás da boa vontade de terceiros para produzir mais. No caso da plantação comunitária em torno da Casa de Sementes, já foram viabilizados dois novos hectares, sem custo, para a plantação.

A situação é ainda delicada. O clima pouco ajuda e o cuidado com a terra é quase nulo. As queimadas e o uso de agrotóxicos reinavam em Penanbuba. “Estamos, aos poucos, invertendo este quadro”, comemora Renê Mourão. Além disso, ele conta que, após ter participado de um seminário em Brasília sobre Fundos Rotativos Solidários, está mobilizado para incluir famílias da comunidade em programas sociais, como o Bolsa Família.

De acordo com a secretária de Articulação Institucional e Parcerias, do MDS, Kátia Campos, o Bolsa Família é uma política estratégica na superação das desigualdades sociais e é parceiro dos Fundos Rotativos Solidários. “Existem famílias que, com o dinheiro do Bolsa Família, contribuem na constituição de fundos rotativos para melhorar a vida de toda a comunidade”, lembra ela.

A formação de uma economia sustentável – iniciada na comunidade Bulandeira – está surgindo também em outras 18 comunidades espalhadas por 15 Municípios cearenses: Irauçuba, Tururu, Itapipoca, Aracati, Fortim, Morada Nova, Russas, Sobral, Bela Cruz, Independência, Carius, Acopiara, Crato, Carnaubal e Tianguá.


Conheça mais sobre a Cáritas Brasileira e o Banco do Nordeste do Brasil.

Seja um parceiro Fome Zero.


Vítor Corrêa – (61) 3433-1056
Internet-Ascom/MDS

sábado, 24 de setembro de 2011

FATOS E FOTOS

MARGARIDAS E CRAVOS DE POTENGI

MARGARIDAS DE POTENGI

WILSON DE ARARIPE, ENCANTANDO.

CRAVO JOSÉ NILTOM DO STTR DE POTENGI

ÀS VEZES DÁ SONO MESMO...

JOSÉ NILTOM EM AÇÃO NA MARCHA

PLENÁRIA DA CUT ESTADUAL

JOSÉ NILTOM ESTEVE LÁ

FORUM ARARIPENSE, EM DESTAQUE IVAN

STTR de Potengi participa do II Encontro Estadual de Formação Politico Sindical

A região do cariri marcou presença
jose niltom-pres. do STTR de potengi
momento de descontração-joathan



O encontro foi realizado nos dias 14,15 e 16 de setembro em Fortaleza, contou com a participação de várias lideranças sindicais, entre eles o presidente do STTR de potengi,Jose Niltom de Amorim.


Inicia Plenária no Paraná


22/09/2011
A Plenária Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira Idade e Idosos Rurais do Paraná está sendo realizada nesta quinta e sexta-feira, 22 e 23 de setembro, com um público superior a 100 pessoas. Na abertura política estiveram presentes o secretário nacional da Terceira Idade da Contag, Natalino Cassaro, o presidente da Fetaep, Ademir Mueller, e os demais diretores da federação Mercedes Panassol Demore, Marucha Vettorazzi, Jairo Correia de Almeida e Aristeu Ribeiro.

Na tarde do primeiro dia, um padre atuante no estado faz uma análise de conjuntura sobre a situação da população idosa paranaense, com foco nos trabalhadores(as) e aposentados(as) rurais. A participação dessas pessoas nos sindicatos também será enfocada. Os participantes do encontro também serão divididos em grupo para estudar e debater o documento base da 1ª Plenária Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira Idade e Idosos Rurais, a ser realizado no próximo ano. Segundo Cassaro, todos irão levantar propostas que subsidiarão as discussões em âmbito nacional.

Já a coordenadora da Terceira Idade da Fetaep, Mercedes Panassol Demore, disse que a plenária estadual será muito importante para os idosos(as) falarem o que querem e o que precisam: “seja na área da saúde, da educação, do trabalho, do atendimento em geral ou do lazer”, enumera a dirigente.

A sindicalista completa que uma de suas expectativas com esse evento é que as pessoas multipliquem os conhecimentos na base para os demais idosos que não puderam comparecer. “A expectativa é que eles voltem para os municípios deles e façam encontros para passarem o que a gente vai passar para eles aqui. Que eles levem as informações também para a diretoria do sindicato e para o grupo que eles participam”, espera Mercedes.

Cassaro informa que nesta sexta-feira (23) serão escolhidos os delegados e delegadas que representarão o Paraná na Plenária Nacional específica para a terceira idade e idosos(as) rurais.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Tambores de Água são vendidos no semiárido e sindicato afirma que o preço é alto


08/09/2011
Famílias estão sofrendo na região de Cristalândia do Piauí, localizada a 900 quilômetros de Teresina. Carros-pipa particulares estão determinando valores abusivos para os agricultores que necessitam de água para sobrevivência, os valores variam de R$ 40,00 a R$ 200,00. Um tambor de 200 litros de água custa R$ 40,00, e uma pipa com 7 mil litros é vendida por R$ 200,00. Os agricultores estão se submetendo a essa situação que tende a ser uma das piores neste começo de B-R-O-BRO (B-R-O-BRO é o período mais quente do ano e compreende os meses terminados com esta sílaba: setemBRO, outuBRO, novemBRO e dezemBRO - este último é o mês em que o calor é menos intenso). O município é localizado no extremo sul do Piauí e faz fronteira com o Estado da Bahia.

A situação chega ser caótica, segundo informações do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cristalândia Carlos Moura de Sousa. Uma caixa de água de mil litros e de 7 mil litros, só compra quem pode, “o preço é alto e a maioria dos agricultores não tem como comprar água que amenize de fato a situação, toda a região está sofrendo com a seca, e estamos carregando baldes de água na cabeça para suportar o calor, ”falou.

Segundo Simão Reinaldo Gomes, Secretário de Assalariados Rurais da Fetag-PI, as políticas emergenciais de assistência a essas famílias deveriam ser em torno “da revitalização dos poços e equipar os mesmos, pois são perfurados mas não possuem água canalizada.”  Simão alerta ainda para a necessidade de “inserir o município de Cristalândia e toda a região no Programa 1 milhão de Cisternas, aplicar cisternas de placas, como também a abertura de mais barragens e acompanhamento técnico para entregar para a população, e fornecer de fato os carros pipas para atender os trabalhadores e não tirar deles o direito que lhe assiste”.

O secretário da FetaG-PI explica, também, que os açudes da região já estão em baixos níveis e não dão garantia à população urbana, nem rural de um abastecimento de qualidade. “A situação é tão grave e os animais começam a sofrer também  com as temperaturas e a falta de água”, completou.

Outro fator citado pelo secretário foi a conveniência da inclusão dos municípios de Cristalândia a Elizeu Martins no Território da Cidadania, pois existem políticas especificas para os territórios e a região não participa dessas políticas de governo, destaca.

O secretário de Política Agrícola da Fetag-PI Paulo Manoel de Carvalho, está no município de Paulistana, fazendo relatório da seca na região e a Fetag-PI solicita uma ação imediata, por parte dos governos.

 

Idosos do ES participam de plenária


08/09/2011
Mais de 100 pessoas estão reunidas no Calir, em Viana/ ES, na Plenária Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira Idade e Idosos Rurais. A abertura política contou com a presença do secretário nacional da Terceira Idade da Contag, Natalino Cassaro; do presidente da Fetaes, Paulo Caralo; do secretário estadual da Terceira Idade e presidente do STTR de Barra de São Francisco, Silvestre Ribeiro de Souza Netto; da secretária de Mulheres da Fetaes, Augusta Búffolo; e da secretária de Ação Social de Ibatiba, Maria da Penha Canabarro da Silveira. Outros diretores da Fetaes, como Julio Cezar Mendel, Clébio Marques Brambati e Creuzimar Ribeiro da Silva também prestigiaram o evento.

Em seguida, a professora Maria das Graças Cunha Gomes fez uma análise de conjuntura com o tema Processo de Envelhecimento e População Rural. Ela divulgou, ainda, informações sobre a Universidade Aberta para a Terceira Idade.

Neste primeiro dia, a Secretaria Nacional da Terceira Idade apresentou os objetivos e os procedimentos da 1ª Plenária Nacional dos idosos. Além disso, os participantes se dividiram em grupos para fazer a leitura e discussão do documento base e elaboração de sugestões ao plano de ação da Secretaria até o 11º Congresso Nacional da categoria.

Nesta quinta-feira (8) haverá, ainda, uma noite cultural com forró. A atração será Rickson Maiolli e Banda.

Nesta sexta-feira (9), serão escolhidos os dez delegados(as) de base para a plenária nacional voltada para a terceira idade, sendo duas pessoas por região. A delegação capixaba contará com mais três lideranças, um representante da diretoria efetiva da Fetaes e os dois membros do Coletivo da Terceira Idade. Para Natalino Cassaro, o primeiro dia do evento foi bastante produtivo. “A discussão está ótima, com contribuição e participação de todos. A expectativa é que amanhã o debate seja aprofundado”, avalia o sindicalista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

'Acima de tudo a soberania do Brasil', defende Alessandra Lunas


31/08/2011
Em reunião da Subcomissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, hoje (31), na Câmara dos Deputados, a vice-presidente da Contag, Alessandra Lunas, defendeu a soberania brasileira frente a posse de terras como um direito humano e pela manutenção da produção da Agricultura Familiar.

Os debates fazem parte de um trabalho da Subcomissão para, no prazo de 180 dias, analisar e propor medidas sobre o processo de aquisição de áreas rurais e suas utilizações no Brasil por pessoas físicas e jurídicas estrangeiras.

Alessandra Lunas foi bastante enfática ao defender claramente a posição da Contag em favor da Reforma Agrária e da redistribuição de terras, mas esclareceu que o movimento sindical não é contra a entrada de capital estrangeiro no País. “Somos contra a falta de regulação jurídica que defenda a soberania do Brasil em seu próprio território”, reivindicou a sindicalista.

Com o conhecimento adquirido a partir de sua experiência frente a secretaria de Relações Internacionais da Contag, Alessandra Lunas disse aos presentes que a estrangeirização de terras não é um problema isolado do Brasil. A dirigente revelou que o tema é pauta da próxima reunião do Conselho de Segurança Alimentar da FAO – braço direito das Nações Unidas para agricultura e alimentação, da qual Lunas é conselheira pela sociedade civil.

Outro problema levantado pela dirigente da Contag é a insegurança jurídica. Alessandra relatou que na ultima Reunião Especializada da Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf), que aconteceu semana passada, o conselho foi unânime ao admitir que um 'parecer jurídico' é pouco para regular a questão. 

Conflitos agrários – Para Alessandra Lunas, o conjunto dos temas levantados por ela também é responsável pelo aumento dos conflitos agrários, que vitimaram na semana passada mais um dirigente sindical no estado do Pará. “Estamos dispostos para o diálogo e negociação para criarmos saídas para mais este problema”, afirmou.

Poucos parlamentares acompanharam a reunião e fizeram uso da palavra, entretanto o debate seguiu com diversos questionamentos, ao passo que a defensora da agricultura familiar da Contag, reiterou sua exposição inicial em que revelou não apenas temas pontuais, mas todo um modelo de desenvolvimento que o movimento sindical defende.

Para acessar a pauta da reunião:
 http://www.camara.gov.br/internet/ordemdodia/integras/913291.htm
Para mais informações sobre os trabalhos da subcomissão acesse: http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes
 

Sucessão rural em pauta na Câmara


01/09/2011
Iniciativa inédita da Câmara discute pela primeira vez a permanência do jovem no campo e a continuidade da Agricultura Familiar

Aconteceu nessa quarta-feira, 31, na Câmara dos Deputados o primeiro Seminário Nacional da Juventude Rural, organizado e coordenado pela própria casa, em uma iniciativa inédita para debater os temas que constantemente a Juventude Rural pauta o governo. A secretária de Jovens da Contag, Elenice Anastácio foi uma das debatedoras.

Coordenadores (as) e dirigentes de jovens da Contag também participaram do evento que foi coordenado pelo deputado federal Elvino Bohn Gass (PT-RS). Para Elenice Anastácio, a iniciativa é louvável, mas não pode parar por aqui. “As discussões precisam continuar e os projetos apresentados pela juventude prescindem de mais atenção do Estado”, considera a dirigente.

Durante a abertura o deputado Elvino Bohn Gass disse que a juventude é uma categoria chave para a continuidade da agricultura familiar. O deputado defendeu a necessidade de transformar as necessidades dos jovens em políticas públicas “antes dessa chaga arder tardiamente na consciência da sociedade”, referiu Bohn Gass à interrupção da sucessão rural.

A secretária nacional da Juventude Rural, Severine Macedo, disse que iniciativas como essa do Seminário precisam ser mais freqüentes para que as demandas da juventude rural sejam transformadas em políticas públicas.

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-PR), também participou da abertura e defendeu o acesso dos jovens rurais às políticas públicas que o meio urbano tem acesso como educação e saúde. E, ainda disse que o Brasil precisa de uma política de distribuição de terra e de sucessão rural adequada a realidade brasileira.

Entre os painelistas do dia, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Porchmann, falou sobre a crescente diminuição da população de jovens que estão permanecendo no campo. E dentre os pontos positivos Porchmann destacou o aumento da escolaridade. Em 1979 o total de jovens sem escolaridade era de 27%, em 2012 esse número caiu para 2,7%, de um total de mais de 8 milhões de jovens rurais.

A coordenadora de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Mato Grosso, Dorenice da Flor Cruz, gostou da iniciativa da Câmara de se interessar pelas demandas da juventude rural. Mas cobrou que os resultados dos debates e o exemplo não se restrinjam apenas à Brasília. “As assembléias estaduais, as câmaras de vereadores também precisam discutir com suas comunidades esses mesmos temas”, disse a jovem mato-grossense.