"Como seriam venturosos os agricultores, se conhecessem / os seus bens!"

"A agricultura é a arte de saber esperar."Douglas Alves Bento

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CEREST RURAL PARA O CEARÁ – UMA CONQUISTA DO MSTTR

31/10/11

CEREST Rural
Comentar Comentar

O MSTTR tem um papel fundamental no processo de articulação, mobilização e proposição de políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. No Ceará a FETRAECE vem cumprindo este papel.

Entre as novas conquista para os trabalhadores/as Rurais, citamos o CEREST - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - Cerest Regional Rural, na cidade de Limoeiro do Norte, através das nossas ações de massa, Grito da Terra Brasil e Marcha das Margaridas – no ano de 2011.

Esta conquista foi possível graças ao poder de mobilização e negociação do MSTTR com estado. A proposta foi acatada pelo ex-ministro Temporão e será executada com o atual Ministro da Saúde.

O novo CEREST nasce com uma proposta de envolver as diversas camadas da sociedade, e em especial os movimentos sociais de luta pela saúde, como um patrimônio brasileiro. Desta forma a FETRAECE e sua base, os STTRs, a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, através do Núcleo de Atenção à Saúde do Trabalhador – NUAST e da Coordenadoria de Políticas e Atenção à Saúde – COPAS, selando este compromisso, realizará nos dias 9, 10, 11 de novembro, na cidade de Limoeiro do Norte, uma oficina de trabalho para construção do Plano de Ação.

Para tal ação, estão sendo convidados a participar 2 representantes de cada STTRs de Limoeiro do Norte, Quixeré, Tabuleiro do Norte, Russas e Morada Nova (municípios de abrangência do CEREST Rural), além da FETRAECE e CONTAG.











Plenária Final mostra o que sente e o que pensa a base sindical


28/10/2011
A 3ª Plenária Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – PNTTR chegou, na tarde de ontem (27 de outubro), à sua etapa final. Foram três dias de construção na diversidade, através do debate junto às bases para sentir o que pensa e o que desejam os cerca de 670 delegados e delegadas que representam as 27 federações e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país.

Com subsídios que nortearão as ações do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR foram apresentadas pela direção e assessoria da Contag as sistematizações dessas discussões, trazendo pontos que foram destaque em torno dos quatro grandes temas analisados por nove grupos na manhã de ontem: Sindicalismo, Reforma Agrária e Agricultura Familiar, Políticas Sociais e Assalariamento Rural, sobre os quais foram debatidos os problemas, causas e propostas. Uma sistematização geral contemplando todas as questões levantadas integrará o documento final da 3ª PNTTR.

Sobre o tema Sindicalismo os debates giraram em torno das entidades paralelas, organicidade do MSTTR, política de cotas e a política de alianças e parcerias. Já os modelos de desenvolvimento em disputa, as lutas pelos territórios, as relações entre Estado e sociedade, a construção do Projeto Alternativo de  Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – PADRSS e a ação sindical foram tratados pelos grupos temáticos Reforma Agrária e Agricultura Familiar. O grupo que tratou do Assalariamento Rural falou sobre a organização dos assalariados e assalariadas rurais no MSTTR, mecanização e inovações tecnológicas e informalidade no campo. Por fim, as Políticas Públicas foram abordadas por questões em torno da sua falta de efetivação no campo e na vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, do papel do MSTTR na garantia das políticas públicas no campo, da qualificação da participação e atuação dos dirigentes e lideranças sindicais nos espaços de participação e das estratégias de comunicação para efetivação dessas políticas.

A plenária trouxe, para o centro dos debates, convergências e divergências sobre temas polêmicos a fim de possibilitar maior organicidade ao MSTTR. Os resultados apresentados vão possibilitar, segundo a direção da Contag, a construção de uma agenda sindical fruto de consenso e demonstrar, ainda, que a confederação é uma entidade sindical unida e representativa, que respeita a diferença e a diversidade política. “Demonstramos maturidade política ao construir na diversidade, fortalecendo aquilo que nos ajuda a crescer e, mais ainda, quando refletimos sobre o que, estrategicamente, precisamos melhorar”, analisa Alberto Broch, presidente da Contag.

Contag presta solidariedade ao presidente Lula


31/10/2011
A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadores na Agricultura – CONTAG registra sua solidariedade e deseja a mais breve recuperação ao presidente Lula, após o diagnóstico de câncer de laringe anunciado no último sábado, na certeza de que essa será mais uma de suas vitórias face aos inúmeros embates, dos quais saiu vencedor.

Na certeza de que sua primeira sessão de quimioterapia (1 de novembro) será plena de êxito, considera que está sob os olhos do Criador aquele que tanto fez pelos povos do campo e da floresta.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

http://g1.globo.com/videos/ceara/v/agricultor-planta-mamona-na-caatinga-cearense-e-tem-sucesso-na-colheita/1664354/#/Todos%20os%20v%C3%ADdeos/page/2

Projeto de agricultura familiar sustentável será levado ao continente africano


Implantado no Brasil desde 2005, o projeto Produção  Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) se prepara para ultrapassar as fronteiras brasileiras. A iniciativa, que capacita pequenos agriocultores para o gerenciamento de suas propriedades e incentiva o cultivo de produtos orgânicos, vai ser apresentado durante a 11ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) que acontece em Dakar, no Senegal, entre 6 e 11 de fevereiro.
A apresentação foi confirmada nesta terça-feira (11), durante reunião, na Embaixada de Senegal, em Brasília, entre o embaixador senegalês o Brasil, El Hadji Abdoul Aziz Ndiaye, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit, o gerente da Unidade de Atendimento Coletivo – Agroindústria (UAGRO) do Sebrae, Paulo Alvim, o senegalês Aly Ndiaye, idealizador do projeto, e Moustapha Ndour, segundo conselheiro e responsável pela área de negócios da embaixada senegalesa.
Na próxima semana uma equipe de técnicos do Sebrae que atuam na implementação do projeto no Brasil viaja para Dakar para montar a estrutura do Pais na Universidade Cheikh Anta Diop, onde será realizado o Fórum. Durante os seis dias do evento, os técnicos vão explicar a metodologia utilizada no projeto.
Paralelamente, vão ser articuladas reuniões com entidade locais com o objetivo de firmar parcerias para a implementação da iniciativa no Senegal. A expectativa dos representantes brasileiros é que ainda este ano o país adote o projeto. De acordo com Paulo Alvim, os resultados positivos alcançados no Brasil podem ser replicados no país africano, onde as características climáticas são parecidas.
“Aqui no Brasil o projeto já representa uma importante fonte de renda para os beneficiários. A ideia é alcançar esses frutos também internacionalmente”, afirmou Paulo Alvim.



Fonte:SEBRAE

STTR de Pentecoste realiza 1º Congresso dos Trabalhadores/as Rurais do município




Comentar Comentar

Esta atividade será um momento de reflexão e debate sobre os diversos temas de relevância para a categoria trabalhadora rural. Um momento de elaboração e definição das políticas, internas e externas, a serem desenvolvidas pelo Sindicato.

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pentecoste– CE, realizará o 1° Congresso Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – CSTTR, no período de 29 e 30 de outubro de 2011, na Escola de Ensino Fundamental Francisco Sá, em Pentecoste na Av. José de Borba Vasconcelos Nº. Pentecoste - CE.

A efetiva participação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no referido Congresso se dará mediante a presença de 160 delegados e delegadas que participam obedecendo a definições estatutárias e regimentais.

O 1º CSTTR será uma instância onde se detectará avanços, desafios e propostas que resultarão em decisões sobre o tipo de ação sindical a ser desenvolvida pelo STTR de Pentecoste visando a implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário - PADRSS. Projeto que teve as bases lançadas para sua elaboração ainda no ano de 1995, teve a aprovação no ano de 1998, e de lá até hoje foram realizadas principalmente nos Congressos da categoria, as discussões de aprofundamento, aprimoramento, articulando a organização, estrutura e ação sindical com os objetivos do mesmo.

A realização do referido evento é sem dúvida uma construção do Movimento Sindical de Pentecoste, no sentido de fortalecer sua ação cotidiana e programada mantendo sua capacidade e habilidade em construir coletivamente as ações objetivando a transformação da realidade e libertação dos sujeitos.

Assim sendo, o 1º Congresso do STTR de Pentecoste, será um momento de detectarmos avanços, desafios a serem enfrentados na ação sindical, um momento de atualização do PADRSS e a definição de propostas que orientarão as políticas sindicais nos próximos quatro anos.

Veja Projeto de realização do 1º Congresso do STTR de Pentecoste

Segundo dia de Plenária começa com alongamento

19/10/11



Plenária Estadual
Comentar Comentar

No início da manhã do segundo dia da Plenária Estadual da Terceira Idade o Tenente Araújo do Corpo de Bombeiros levantou os/as participantes com exercícios de alongamento.

Como forma de iniciar o dia com mais saúde,  muita disposição e animação, o segundo  dia da Plenária (19/10), os/as trabalhadores/as rurais da terceira idade seguiram atentamente os exercícios comandados pelo Tenente Araújo, do Corpo de Bombeiros do Ceará.

Os exercícios eram acompanhados por músicas animadas que fizeram todos levantar de suas cadeiras e mexer o corpo.

Dando continuidade a programação, Bandeira, Secretário de Formação, Organização Sindical e Comunicação da FETRAECE, coordenou a escolha dos/as delegados/as para participar da 1ª Plenária Nacional da Terceira Idade, que acontecerá em 2012, em Brasília.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Plenária da 3ª idade inicia-se com boa participação




Plenária Estadual da 3ª idade
Comentar Comentar

Iniciou na manhã de hoje, 18/10, a Plenária Estadual da Terceira Idade

Cerca de 100 pessoas vieram de todas as regiões do Estado participar da 1ª Plenária Estadual da Terceira Idade e Idosos Rurais, que acontece na Sede da FETRAECE, em Fortaleza/CE.

A atividade é realizada pela CONTAG, FETTRAECE e STTRs com o objetivo de discutir e propor para o documento base da 1ª Plenária Nacional da Terceira Idade e Idosos Rurais que a CONTAG realizará no próximo ano.

Dando continuidade, amanhã (19/10) inicia-se o 5º Encontro Estadual da Terceira Idade. O encontro acontece até quinta (20/10).

A FETRAECE entende o valor da pariticipação política das pessoas da terceira idade no MSTTR, por isso incentiva esses momentos de reflexão e debate junto aos trabalhadores/as rurais da terceira idade.

FETRAECE realiza Plenária e Encontro da 3ª Idade




Encontro da 3ª Idade Encontro da 3ª Idade
Comentar 1 comentário

A FETRAECE, através da sua Secretaria de Políticas Sociais, realizará no período de 18 a 20 de Outubro, a Plenária Estadual dos Trabalhadores/as Rurais da Terceira Idade e Idosos e o 5º Encontro Estadual da Terceira Idade.

A atividade será realizada na Sede da FETRAECE, em Fortaleza/CE.

Durante a Plenária os/as participantes farão uma reflexão e debate político sobre o Documento Base da 1ª Plenária Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira Idade e Idosos Rurais, onde será feito proposições para o plano de lutas.

Ainda durante a Plenária será escolhida a delegação do estado do Ceará para participar da 1ª Plenária Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira idade e Idosos Rurais.

A partir do segundo dia iniciará o 5° Encontro Estadual da 3ª Idade. O encontro tem como objetivo refletir sobre as políticas públicas e os espaços de participação das pessoas idosas.

domingo, 9 de outubro de 2011

FETRAECE entrega Projeto de Extensão para UFC

Comentar Comentar

A FETRAECE através da sua Secretária de Políticas Sociais, Cícera Vieira, entregou ontem, dia 03/10, o Projeto de Cursos de Extensão para a Universidade Federal do Ceará - UFC.

Conhecendo o trabalho que a UFC faz, tanto para as populações urbanas como rurais, a FETRAECE já vinha dialogando com a Pro-reitoria de extensão, no sentido de levar aos Agricultores/as Familiares cursos que possibilitem a formação, qualificação e desenvolvimento de conhecimentos formais que facilitem a busca de melhoria da qualidade de vida para os povos do campo.

Neste sentido, e tendo em vista os trabalhos desenvolvidos pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará – UFC, a FETRAECE entregou ontem o PROJETO DE CURSOS DE EXTENSÃO para atender a população rural nas áreas temáticas Saúde, Comunicação e Trabalho.

SAUDE- PROMOÇÃO A SAÚDE E A QUALIDADE DE VIDA (Práticas interativas e complemantares de saúde)

COMUNICAÇÃO -RÁDIO (Formação em rádio difusão)

TRABALHO - COOPERATIVAS POPULARES ,GESTÃO DA UNIDADE FAMILIAR ,SISTEMAS AGROFLORESTAIS

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - (Formação Instalador Elétrico e Instalador Hidráulico

A demanda é para todo o Estado e agora precisamos, juntamente com a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará - UFC, através do Professor Osmar, buscar parceria no sentido captar recursos para a execução dos mesmos.

Marcha das Margaridas conquista Unidades Móveis



As mulheres do campo de da floresta podem comemorar mais uma conquista. Como resposta a uma das 158 reivindicações da Marcha das Margaridas, mobilização que reuniu mais de 70 mil mulheres do Brasil, entre 15 e 17 de agosto em Brasília, 10 Unidades Móveis de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência serão entregues pelo governo entre 2011 e2012.
Os Estados contemplados são Pará, Acre, Tocantins, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Goiás, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul. Esta determinação teve como critério, por parte da Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência (ligada à Secretaria de Políticas para as Mulheres/SPM), pontos como: a necessidade de ampliação do acesso à Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, Estado com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), tamanho e densidade populacional, geografia e territorialidade e viabilidade política e operacional. A entrega dos cinco primeiros veículos será em Igarapé-Mirim (PA), Irecê (BA), Posse (GO), São Mateus (ES) e São Lourenço (RS).
O objetivo é implantar um modelo de atendimento multidisciplinar composto por profissionais das áreas de serviço social, psicologia, atendimento jurídico e segurança pública, permitindo principalmente o acesso das mulheres que vivem no campo e na floresta aos serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência.
O atendimento itinerante, por meio das unidades móveis, visa ampliar a cobertura e superar a insuficiência de serviços que acomete as áreas rurais. Os microônibus serão pintados na cor lilás e terão sanitário, seis lugares para transporte da equipe, três estações de trabalho e sala de espera para quatro pessoas. Serão equipados também com três notebooks, uma impressora multifuncional, uma câmera fotográfica, frigobar, GPS e kit de primeiros socorros.
A luta das mulheres
 A história das mulheres trabalhadoras rurais na luta por direitos básicos como a não violência e saúde é longa e marcada por discriminações. Em geral, não existe unidade de saúde nas comunidades rurais, além de faltarem ambulâncias e medicamentos.
 A secretaria de mulheres da Contag, dirigida por Carmen Foro, vem lutando para, entre outras ações, vencer a dificuldade de acesso das mulheres do campo e da floresta à infraestrutura social de enfrentamento à violência doméstica e tirar as mulheres da invisibilidade. E a conquista das Unidades Móveis é prova de que a luta das mulheres está no caminho certo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011


“Trabalhador rural ‘foge’ do registro em carteira no Nordeste”



Com medo de perder benefícios sociais, agricultores recusam emprego formal

Negativa em ser‘fichado’se dá tanto entre beneficiários do Bolsa Família quanto entre pessoas que esperam se aposentar mais cedo

Por medo de perder benefícios sociais pagos pelo governo, ou na esperança de conquistá-los, trabalhadores rurais no Nordeste estão se recusando a aceitar empregos com a carteira de trabalho assinada.

A recusa ocorre tanto entre beneficiários do Bolsa Família quanto entre os que querem entrar no programa. Também entre os que pretendem se aposentar mais cedo, pelo regime especial da Previdência – aos 55 anos no caso das mulheres e 60 anos no dos homens.

Em uma das maiores fazendas de café da Bahia, na Agribahia, a dificuldade em contratar mão-de-obra formal levou à substituição de 5.000 trabalhadores em safras passadas por colheitadeiras operadas por um único funcionário.

Hoje, a empresa contrata apenas cerca de 900 pessoas para fazer a colheita em áreas de declive, onde as máquinas correm o risco de tombar.

Mesmo assim, são necessárias iniciativas como anúncios em rádio e em carros de som em feiras para arregimentar gente disposta a ter a carteira assinada por três meses ou mais e ganhar, como base, um salário mínimo por mês.

Próximo à Agribahia, na fazenda Campo Grande, o administrador André Araújo, 27, diz precisar de 150 pessoas para a colheita, mas que só consegue 40 com registro em carteira.

O resultado é que o café acaba caindo de maduro do pé, com perda de qualidade. Por um café arábica “mole” que poderia valer R$ 300 a saca, a Campo Grande acaba recebendo R$ 200 pelo café “riado” catado depois no chão.

A agricultora Luciene Silva Almeida, 28, é uma das que fogem do registro em carteira. Ela trabalha ilegalmente na região de Brejões (281 km ao sul de Salvador), apesar da forte fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho, que vem multando fazendeiros que contratam pessoal sem registro.

Mãe de dois filhos, Luciene quer pleitear o Bolsa Família e planeja se aposentar pelo regime especial da Previdência, aos 55 anos. Se ela for registrada, pode correr o risco de extrapolar os critérios que a tornam elegível ao Bolsa Família.

Isso também a tiraria da condição de futura “segurada especial”, tornando-a “assalariada rural”. A aposentadoria “especial” é um benefício social, já que o trabalhador não contribuiu com a Previdência.

Além de não poder mais se aposentar aos 55 anos, ela teria de contribuir por mais 13 anos para a Previdência e se aposentar só aos 60. Outra opção é esperar até os 65 anos e passar a receber, via Estatuto do Idoso, um salário mínimo por mês.

Foi o que aconteceu com Joselita Oliveira dos Santos, 57, que foi “fichada”por três meses há três anos. Ao tentar se aposentar aos 55 anos, teve o pedido recusado. “Agora não quero mais nenhum registro até conseguir me aposentar”, afirma.

Simone da Silva de Jesus, 27, que trabalha arregimentando pessoal para os fazendeiros, diz estar cada vez mais difícil encontrar gente disposta a ser “fichada”. “O pessoal do ‘Bolsa’ e
os mais velhos não querem.”

Sua irmã, Maria da Glória, 47, é uma delas. Mãe de cinco filhos, recebe R$ 80 do Bolsa Família e conta os dias para se aposentar aos 55 anos. “Nunca tive a carteira ‘fichada’. Não é agora que vou arriscar”, afirma.

Sindicatos de produtores rurais de Bom Jesus da Lapa (BA) e de Petrolina (PE) relatam o mesmo tipo de dificuldade.

O secretário de Previdência, Helmut Schwarzer, reconhece a existência do problema. A secretária Rosani Cunha, do Ministério de Desenvolvimento Social, diz que as “distorções” ocorrem por “desinformação”.

Já o Ministério do Trabalho promete manter “rigorosa fiscalização” no Nordeste.


Verba pública movimenta o Nordeste

Maioria dos beneficiários do Bolsa Família e dos aposentados rurais está na região

Sem emprego, beneficiários de programas sociais e aposentados são uma das principais fontes de renda nos municípios menores

O temor de perder benefícios sociais e a chance de se aposentar mais cedo estão piorando as condições de quem quer trabalhar no interior do Nordeste, principalmente na zona rural, e minando ainda mais a economia das pequenas cidades dependentes da agricultura.

Cerca da metade dos beneficiários do Bolsa Família do Brasil está concentrada no Nordeste, assim como a maioria dos brasileiros que têm renda até dois salários mínimos e dos aposentados rurais.

Isso faz com que o dinheiro público seja um dos principais motores da economia nordestina, onde o comércio cresce hoje em ritmo mais veloz que no resto do país.

Na cidade de Milagres, a 240 km ao sul de Salvador, o setor público e a BR-116, que tangencia o município, são as principais fontes de renda.

O maior empresário local, Raimundo Souza Silva, 52, é um exemplo da simbiose entre o público e o privado na região.

Silva é dono de cinco paradas para ônibus na região, de um posto de gasolina e de um hotel muito bem montado e limpo na beira da BR-116. Mas ele também já foi prefeito de Milagres duas vezes (pelo PFL) e hoje tem seu sobrinho, João Silva, como titular na prefeitura, segundo conta o filho de Raimundo, Conrado da Silva Neto, 27.

Tirando os funcionários públicos e os negócios de Raimundo Silva, sobram apenas bibocas na beira da estrada que vendem serviços para os viajantes.

Em Brejões, a 40km ao sul de Milagres, a Folha contou nove adultos dentro de uma casa visitada pela reportagem em plena tarde de uma quarta-feira.

A maioria dos presentes ou estava desempregada ou vive de benefícios sociais. “Não há nada para fazer por aqui. A gente fica olhando um para a cara do outro”, afirma Genivaldo Monteiro, 21, desempregado.

Do lado de fora, aposentados que passam o dia embaixo das árvores de uma pequena avenida conversando ou jogando são uma das principais fontes de renda do comércio.


Governo vê ‘desinformação’ aliada a ‘distorção absurda’

Previdência Social reconhece existência de problema entre os trabalhadores rurais

Ministério responsável pelo Bolsa Família afirma que é preciso investir mais em municípios para esclarecer beneficiários do programa

A trabalhadora rural Elieida de Oliveira, 27, nunca teve a carteira de trabalho assinada – e prefere continuar assim. Ela tem medo de perder os R$ 80 que recebe por mês do Bolsa Família para manter seus dois filhos, de 6 e 11 anos, na escola.

Elieida trabalha apenas em pequenas propriedades na região de Brejões, onde a fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho é mais branda e onde fazendeiros ainda se arriscam a contratar pessoal ilegalmente.

Ela recebe entre R$ 4 e R$ 5 por caixa de café colhido no pé. Se trabalhar 30 dias durante o período da colheita (que dura de três a quatro meses) e colher uma caixa e meia por dia, ganhará R$ 225 no final do mês. Se tivesse o registro em carteira, receberia pelo menos R$ 350 por mês – e , mesmo assim, não perderia o benefício do Bolsa Família.

Elieida é casada com Manuel, que não pode trabalhar por causa de um sério problema na coluna. Com quatro membros na família, mesmo que ficasse registrada durante quatro meses em um ano, recebendo um total de R$ 1.400 (quatro salários mínimos) no período, Elieida continuaria elegível para Receber o Bolsa Família.

Já a trabalhadora rural Maria Miralva Monteiro, 54, afirma que teve bloqueado o benefício de R$ 50 ao mês que recebia do Bolsa Família meses depois de ter sido registrada durante quatro meses no ano passado.

Monteiro recomenda a todos os conhecidos no programa que evitem a “carteira fichada”.

Pelo critério do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), têm direito ao Bolsa Família as famílias com filhos com renda familiar per capita média inferior a R$ 120. No caso das sem filhos, são R$ 60.

Segundo trabalho de Luciana Jaccoud, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), de todos os trabalhadores com carteira assinada no país, cerca de 9% participam de algum programa de transferência de renda estatal. Isso significa que ter a carteira assinada não impede, necessariamente, de participar de um programa se a família continuar muito pobre.

Rosani Cunha, secretária de renda e Cidadania do MDS, atribui à “desinformação” entre os beneficiados do Bolsa Família casos como o de Elieida.

Ela afirma que tanto o MDS quanto os municípios (que administram na prática o programa) têm de investir mais para esclarecer melhor os direitos e os deveres dos beneficiados.

“É preciso destacar também que a renda proporcionada pelo Bolsa Família tem um forte impacto para a erradicação do trabalho insalubre e degradante”, diz Rosani.

Em 2006, o Bolsa Família atendeu 11,1 milhões de famílias e consumiu R$ 8,6 bilhões, incluindo gastos de gestão.


Previdência
No caso dos trabalhadores rurais que “fogem” do registro em carteira para poderem manter o direito de se aposentar aos 55 anos (mulheres) ou aos 60 anos (homens), o Ministério da Previdência reconhece o problema e o qualifica como “uma distorção absurda”.

Se o trabalhador tiver um único dia de carteira assinada, perderá a chance de se aposentar pelo regime especial e terá duas opções: contribuir por mais 13 anos seguidos ou esperar até 65 anos para se aposentar pelo Estatuto do Idoso (recebendo um salário mínimo).

“O trabalhador pede ‘pelo amor de Deus’ para não ser registrado”, afirma Helmut Schwarzer, secretário do Ministério da Previdência.

Para tentar corrigir essa distorção, o governo enviou ao Congresso em abril do ano passado o projeto de lei 6.852/06.

Pelo projeto, o agricultor que tiver registro em carteira por até 120 dias em um ano não perderá a chance de se aposentar aos 55 anos ou 60 anos (mulheres e homens, respectivamente). A medida ainda não foi a plenário e saiu do regime de urgência no final de 2006.

O peso do mínimo
O Nordeste é a região do Brasil que mais tem pessoas recebendo o salário mínimo e que concentra mais da metade dos aposentados rurais do país.

O grosso dos aposentados do setor agrícola, que se aposenta pelo regime especial da Previdência, nunca contribuiu diretamente com o sistema. Por isso, o salário mínimo que passa a receber depois de parar de trabalhar é considerado um benefício social.

Segundo cálculos do especialista em contas públicas Raul Velloso, o Brasil paga hoje cerca de 30 milhões de contracheques a pessoas incluídas em programas subsidiados ou fortemente subsidiados e indexados ao salário mínimo.

Entre 1987 e 2006, os gastos com esses benefícios saltaram 1.362%, de R$ 5,2 bilhões/ano para R$ 76 bilhões, o que ajuda a explicar a melhora na distribuição de renda, especialmente no Nordeste

A colheita da mamona

Produtores cearenses já estão entregando sacarias cheias da matéria-prima para a Petrobrás


Ernesto de Souza
Colheita da mamona no Ceará começou, mas safra esbarra na baixa produtividade e problemas sociais
Os produtores do Ceará já estão conseguindo entregar sacas cheias da safra de mamona deste semestre para a Petrobrás Biocombustíveis. A colheita da oleaginosa começou no início desta semana e deve ser finalizada na semana que vem. Segundo informações da estatal,a produtividade nesta safra, de até 1,2 mil quilos por hectare em algumas propriedades, é três vezes superior à da colheita passada, que foi de 390 quilos por hectare, mas ainda é baixa.
A Petrobrás Biocombustível está comprando toda a safra produzida pelos agricultores da região para produzir biodiesel. Para a próxima safra, a empresa vai distribuir R$ 10 milhões entre nove mil produtores locais para fomentar a produção da mamona. O objetivo é aumentar ainda mais a produtividade, que atualmente é inferior à produção registrada nos anos 1970.
   No sitio varjota, municipio de Assaré-CE, o agricultor Paulo Alves da Silveira e sua esposa Margarida Nonato, estão felizes com a safra desse ano, com a possibilidade de colher quase 1080 quilos por hectare da mamona.