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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Projeto pioneiro de formação para idosos começa a ser desenhado coletivamente em Pernambuco


FOTO: Arquivo FETAPE

Fetape dá início ao Projeto de Formação Política para a Pessoa Idosa do Campo em Pernambuco - Por um envelhecimento digno, saudável, autônomo e feliz”, com a realização da 1ª Oficina de Autoformação, que começou segunda-feira (18) e vai até esta quarta-feira, no Centro Social de Carpina, Mata Norte do estado. A proposta, desenhada a várias mãos, traz como grande desafio descobrir de que forma se conversa sobre envelhecimento no campo trazendo junto a perspectiva da autonomia, da felicidade, do empoderamento desses atores e atrizes e, por conseguinte, o fortalecimento do Movimento Sindical Rural (MSTTR). Especialistas em envelhecimento, direitos humanos e educação popular, junto com representantes da Federação e da Rede de Educadores da Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc), que atua no Nordeste, analisaram os cuidados e as especificidades das pessoas idosas do campo, púbico dessa ação.
 
 
A ideia dessa formação surgiu a partir da demanda apresentada nas diversas rodadas de conversas realizada com o Coletivo da Terceira Idade e os participantes das várias atividades, como o Encontro Estadual, que começou a discutir a construção da política do movimento para pessoa idosa do campo no estado, bem como com as Secretarias Nacional de Formação e dos Trabalhadores(as) Rurais da Terceira Idade, da Contag. Nasce já como um grande desafio ao conjunto do MSTTR. “Apesar de o movimento existir há mais de 50 anos, esta é a primeira vez que uma federação ousa compreender o envelhecimento e discutir sobre a importância da retomada da militância dessas pessoas. E isso agora é fundamental e urgente porque nossos direitos previdenciários sofrem, como nunca antes, ameaças reais de extinção. E são também essas pessoas, com suas ricas histórias de vida que apontam para nós, dirigentes de hoje, os caminhos mais acertados”, esclarece o diretor de Política para a Terceira Idade, Israel Crispim.
 
 
E o desafio parece ser a marca dessa formação que defende como ponto de partida o exercício da escuta, proposto pelo Professor Doutor em Serviço Social e educador popular, Ivandro Sales, “pode parecer delírio e, para muitos, se propor o “ouvir” é um delírio. Mas a escuta verdadeira vai fundamentar todo o nosso trabalho e apontar que caminhos precisaremos seguir”.  A proposta também foi defendida pela doutora em Serviço Social e Gerontóloga, Sálvea Campelo, que esclareceu que, para além dessa ser uma ação mais acertada para construção de políticas e movimentações para o idoso, é muito importante ser ouvido, especialmente quando se trata daquilo que o incomoda. “Eles trazem consigo, gravado em seus corpos, uma memória e uma história que precisa ser considerada e cuidada”. Opinião que também foi fortemente reiterada pelo assessor da Academia Sindical, agricultor, historiador e um dos criadores do Movimento Sindical Rural Pernambucano, Severino Francisco da Luz Filho, o Sr. Biu da Luz. Para ele, “é preciso ouvir essas pessoas, suas histórias, sua luta, dores e alegrias para que se possa apontar caminhos que levem a verdadeira defesa dos seus direitos”, orienta.
 
 
A concepção metodológica do projeto, fundamentada no Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentabilidade e Solidário, na Política Nacional de Formação e nos  princípios da educação popular, foi apreciada pelo conjunto dos formadores e destacada como uma iniciativa singular da FETAPE pelo filósofo e educador popular do Centro de Educação e Assessoramento Popular-CEAP, Valdevir Both. “Além de se constituir como um projeto original ao tematizar o envelhecimento, vem responder a uma demanda formativa absolutamente necessária no contexto atual. Num momento em que a democracia sofre ataques contundentes no Brasil e no mundo, a FETAPE se soma a diversos outros sujeitos sociais populares para propor processos de mobilização e formação, no sentido de fortalecer a democracia”. As demais definições, estratégias e a matriz pedagógica dos módulo também estão sendo pensadas.
 
 
 
FONTE: Rosely Arantes - Assessora da Diretoria de Política da Terceira Idade Créditos das fotos: DAE Fotografia

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