Desde novembro passado, milhares de produtores leiteiros do Rio
Grande do Sul deixaram de receber da empresa Lácteos Brasil (LBR) o
pagamento de sua dívida, e a crise foi se espalhando pela cadeia de
produção. A Rel conversou com Néstor Bonfati, dirigente da Federacão de
Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG-RS).
“A situação é grave. A LBR (Parmalat) está em recuperação judicial neste
momento, portanto não houve ainda nenhum tipo de resposta com relação à
dívida que a empresa mantém com os produtores há meses”, informou
Bonfati.
A dívida supera o milhão de reais, uns 400 mil dólares, e afeta milhões de agricultores familiares do RS.
“A esta situação, soma-se o fato de os transportadores intermediários
entre os produtores e as empresas da região sul do Brasil estarem
adulterando o leite, o que foi descoberto em uma inspeção do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), agravando ainda mais a
crise no setor”, assinalou.
Bonfati acrescentou que “na região de Santa Rosa, cerca de 200
produtores de leite tiveram que jogar leite fora porque não havia quem
recolhesse o leite e nem como armazená-lo. Isto não afeta apenas o Rio
Grande do Sul, mas também os estados vizinhos que recebem o excedente da
produção gaúcha”.
A FETAG-RS vem acompanhando os produtores em suas mobilizações nos
diferentes municípios e oferecendo-lhes assessoria jurídica para
conseguir que lhes paguem o que devem pela produção que já foi entregue.
“A situação é complicada porque gerou uma reação em cadeia da dívida. A
LBR deve à Promilk e esta deve a outra empresa, que deve a outra
empresa, que não pagam aos produtores, que são o último grupo e o mais
prejudicado”, destacou o dirigente.
“Os sindicatos filiados à FETAG estão trabalhando junto aos produtores
em busca de soluções para amenizar os efeitos negativos desta dívida em
cadeia originada pela LBR, e que está se espalhando para as outras
empresas de médio e pequeno porte”, finalizou.
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