"Como seriam venturosos os agricultores, se conhecessem / os seus bens!"

"A agricultura é a arte de saber esperar."Douglas Alves Bento

sexta-feira, 11 de março de 2016

CONTAG repudia ação violenta que resultou na morte de dois trabalhadores rurais em Roraima

 

A violência e a impunidade se repetem no campo brasileiro: na manhã de hoje (9) dois trabalhadores rurais foram assassinados em uma ação violenta da Polícia Militar de Boa Vista (RR) na área onde estão acampadas 720 famílias de trabalhadoras e trabalhadores rurais, na Gleba Cauamé, nos municípios de Boa Vista e Alto Alegre, em Roraima. Além das duas mortes, duas pessoas estão desaparecidas e quatro foram presas.
 
A CONTAG repudia a ação violenta e injustificada da polícia de Roraima. Essa tragédia já era previsível, uma vez que a CONTAG já havia denunciado as ameaças, assim como também solicitado providências junto ao INCRA, Ouvidoria Agrária Nacional, ao Programa Terra Legal e às autoridades locais. 
 
Há cerca de duas semanas foi realizado um acordo entre o INCRA, o Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a CONTAG e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Roraima (FETAG-RR) para que os acampados e acampadas permanecessem em segurança na área, desde que não organizassem nenhum tipo de divisão da terra enquanto aguardam a decisão sobre a destinação do imóvel em questão. Os(as) acampados(as) foram surpreendidos(as) com a ação da polícia, que quebraram, assim, o acordo.
 
De acordo com a presidente da FETAG-RR, Maria Alves, há pistoleiros fazendo ameaças aos acampados (as) diariamente. A dirigente relatou ainda que, na última sexta-feira (4 de março), a Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional da Prefeitura de Boa Vista e a Guarda Civil Municipal de Boa Vista, em grande aparato, encapuzados e armados, destruíram com extrema violência e fortes ameaças aos trabalhadores, juntamente com seus móveis e pertences, e não lhes deram sequer a oportunidade de retirá-los.
 
Para agravar ainda mais o terror, ameaçaram tirar as crianças de seus pais para entregá-las ao Conselho Tutelar, deixando-as apavoradas, além de demonstrar total desrespeito às mulheres, idosos e enfermos. 
 
A terra que está sendo reivindicada há anos pelas 720 famílias trata-se de uma área  pública federal, terras da União , que no passado já foi destinada para reforma agrária, mas, devido a irregularidades envolvendo políticos do estado e até mesmo funcionárias (os) do INCRA e imobiliárias, segue sem cumprir o seu real papel, que é o de garantir o assentamento definitivo dos  trabalhadoras e trabalhadores rurais para que possam viver com dignidade, ou seja, dando o real cumprimento da função social da terra. 
 
“Diante do agravamento do clima de tensão na região, reivindicamos com urgência a regularização fundiária da área visando o assentamento definitivo das famílias, única forma de solucionar os conflitos e trazer a paz na região”, afirma Maria Alves.
 
FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Lívia Barreto

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