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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Elizabeth Teixeira recebe Comenda Margarida Maria Alves na Câmara Municipal de João Pessoa


FOTO: Assessoria de Imprensa Câmara Legislativa de João Pessoa

A Fetag-PB, representada por seu secretário da Agricultura Familiar, Assis Firmino, participou no último dia 15, de uma sessão especial na Câmara Municipal de João Pessoa, para a entrega da “Comenda Margarida Maria Alves” a líder camponesa Elizabeth Teixeira. Aos 90 anos, Elizabeth Teixeira continua sendo um dos principais símbolos da luta pela terra, não apenas na Paraíba, mas em todo o Brasil. A propositura da homenagem foi do vereador Fuba. 
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag-PB), representada por seu secretário da Agricultura Familiar, Assis Firmino, participou no último dia 15, de uma sessão especial na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), para a entrega da “Comenda Margarida Maria Alves” a líder camponesa Elizabeth Teixeira.
Aos 90 anos, Elizabeth Teixeira continua sendo um dos principais símbolos da luta pela terra, não apenas na Paraíba, mas em todo o Brasil. A propositura da homenagem foi do vereador Fuba (PT).
“Foi muito sofrimento e muita luta pela terra mas hoje estou aqui recebendo esta homenagem e só tenho a agradecer por tantas pessoas lembrarem da minha pessoa e de toda minha trajetória de luta pela Reforma Agrária em nosso país”, agradeceu a homenageada, Elizabeth Teixeira.
“Estamos aqui neste momento histórico para homenagear uma grande mulher que representa o Movimento Agrário do nosso país. É uma honra prestar esta homenagem com uma Comenda que tem o nome de Margarida Maria Alves, outra mulher que esteve nas mesmas lutas, no entanto, seu fim foi trágico. As vidas de Elizabeth e de Margarida servem de inspiração até hoje, e me sinto honrado em poder proporcionar esse momento para Elizabeth e sua família. Esta é uma homenagem a quem tanto sofreu pelos direitos do homem do campo”, justificou Fuba.
A representante da Comissão Municipal da Verdade, Maria Nazaré Tavares Zenaide, exaltou a força da homenageada por nunca esmorecer diante das dificuldades que lhe foram impostas. “Sua casa é um símbolo de resistência e um espaço de memória de sua luta pelo homem do campo. Se faz importante lembrar da importância da mãe Elizabeth, que teve que se separar de seus filhos, viver na clandestinidade alfabetizando crianças de outras famílias por 17 anos. Com muita força transformou angústia em luta. É uma mulher que ama a Humanidade, uma pessoa diferenciada. Nós também te amamos muito”, disse Maria Nazaré.
A coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Lúcia Guerra, falou que a história e a luta da homenageada é uma inspiração aos que lutam nos movimentos sociais. “Essa mulher é uma lenda viva que está entre nós insistindo em viver. Sua luta não pode ser esquecida. Sua luta não foi em vão e precisa continuar porque a batalha pela terra permanece”, exortou. A representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Alane Maria Silva, falou que a história da sindicalista deve ser mantida viva e sempre relembrada.
Já o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Luís Gonzaga Júnior, disse que Elizabeth é um exemplo de vida que representa o sindicalismo do campo no Brasil. Já a representante da Secretaria das Mulheres do PT, Zezé Bechade, destacou que Elizabeth Teixeira é uma referência a luta dos movimentos sociais. “Você é um marco na luta dos movimentos sociais, da Reforma Agrária e da luta pelos direitos da mulher”, enfatizou.
Homenageada agradece - Elizabeth Teixeira agradeceu a todos e fez um breve relato de sua reminiscências, elencando seus infortúnios e suas conquistas desde que assumiu a luta do marido, João Pedro Teixeira, assassinado em 1962. “Lutei muito pela Reforma Agrária no lugar do meu marido, João Pedro Teixeira, um homem que só lutava pelo bem e foi assassinado. Ele sempre falava que o matariam mas que a Reforma Agraria seria implantada em nosso país. Hoje estamos aqui e ainda não aconteceu”, lamentou Elizabeth que relembrou sua trajetória na clandestinidade, em São Rafael, no Rio Grande do Norte, onde teve que viver sob outro nome e trabalhar alfabetizando as crianças da cidade.
“Eu só havia estudado até a quarta série e alfabetizei crianças que são advogados. Conheço a história de muitas dessas crianças que me contam que estão formados. Foi muito sofrimento e muita luta pela terra mas hoje estou aqui recebendo esta homenagem e só tenho a agradecer por tantas pessoas lembrarem da minha pessoa e de toda minha trajetória de luta pela Reforma Agrária em nosso país”, agradeceu a homenageada.
A mulher marcada para viver - Nascida no dia 13 de fevereiro de 1925, no município de Sapé, Paraíba, Elizabeth Teixeira constrói sua trajetória em meio a lutas por justiça, terra e liberdade. Sua história já foi contada em livros, filmes, entrevistas e documentários. Com 90 anos (13/02/1925), a homenageada se sagrou a representante feminina das lutas camponesas da metade do século passado ao ajudar a construir a história do movimento sindical agrário brasileiro.
Ela abriu mão do conforto para viver o amor ao lado de um trabalhador pobre e analfabeto. Junto ao marido, João Pedro Teixeira, fundou, no município de Sapé, o maior sindicato de trabalhadores agrários do País até então. Ela assumiu a liderança do movimento depois do assassinato dele, em 1962. A trajetória de Elizabeth pode ser vista no Memorial das Ligas Camponesas, fundado no antigo sítio onde a camponesa viveu com João Pedro e os 11 filhos, no distrito de Barra das Antas, em Sapé.
Elizabeth foi presa por várias vezes e, numa delas, retorna à casa para se deparar com a tragédia do suicídio da filha mais velha, Marluce, que não suportou conviver com a possibilidade de a mãe ter o mesmo destino do pai.
Em 1964, Elizabeth Teixeira seria a personagem central do filme que o cineasta Eduardo Coutinho pretendia fazer sobre as Ligas Camponesas. Com a instalação do regime militar, Elizabeth é presa pelo Exército e passa oito meses na cadeia. Na volta, precisa fugir para não ser morta. Esconde-se na cidade de São Rafael, no interior do Rio Grande do Norte, com apenas um dos 11 filhos – Carlos, que é rejeitado pelo avô por se parecer muito com o pai. Passa 17 anos afastada da família, vivendo com a identidade de Marta Maria da Costa.
Quando o cineasta Eduardo Coutinho resolve retomar as gravações de “Cabra Marcado para Morrer”, em 1981, por intermédio de um dos filhos de Elizabeth, Coutinho reencontra a líder camponesa e conclui o trabalho. A viúva de João Pedro vem, então, morar em João Pessoa, no bairro de Cruz das Armas, em uma casa que lhe é presenteada pelo próprio Eduardo Coutinho. Depois da conclusão de "Cabra Marcado Para Morrer", Eduardo Coutinho manteve contato regular com Elizabeth Teixeira, mas não com seus filhos. No início de 2013, o realizador faz uma visita a Elizabeth e sua família no Rio de Janeiro e na Paraíba. Desse encontro surge mais uma obra do cineasta, o documentário “A Família de Elizabeth Teixeira”.
FONTE: Assessoria de Comunicação FETAG-PB - Neudja Farias

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