A Marcha das
Margaridas defende que a participação das mulheres é uma condição
necessária para a democracia e por isso aponta para uma das contradições
de nosso tempo: a pouca presença das mulheres nos espaços de poder.
Somos uma grande minoria na direção dos partidos, dos movimentos, dos
governos. Estamos sub-representadas nas Câmaras de Vereadores e no
Congresso Nacional, assim como no judiciário.
A população brasileira é
composta de aproximadamente 54% do sexo feminino e 46% do sexo
masculino. Na democracia que temos hoje os espaços de poder e
participação são ocupados majoritariamente pelo sexo masculino–homem,
enquanto as mulheres ficam à margem. Isso se reflete em todos os espaços
políticos, na grande maioria das instituições públicas e privadas de
representação, inclusive nos movimentos sociais.
Fazer uma reforma
política democrática exige muito mais do que algumas mudanças no sistema
partidário-eleitoral, vigente no país. É preciso mudar a estrutura do
nosso sistema político, desde as emendas parlamentares ao orçamento, até
a forma de definição das/os dirigentes de altos cargos públicos, que é
profundamente permeado por mecanismos clientelistas. Pensar a
participação das mulheres é importante, mas não podemos considerar
apenas a inserção nessa estrutura de poder, pois restringe o alcance da
mudança que desejamos. Trata-se de democratizar, de fato, o Brasil,
tarefa na qual as mulheres têm muito a contribuir.
Para construirmos um
país realmente democrático, com participação igualitária entre homens e
mulheres, é preciso romper com as desigualdades e discriminações
vivenciadas pelas mulheres. Um dos mecanismos de fortalecimento da
participação das mulheres que temos hoje é a reserva de vagas/cotas para
as mulheres, que podem estimular e impulsionar essa participação, mas
que precisa vir acompanhado da garantia de igualdade de condições também
na hora de financiar as campanhas.
Nesse sentido, temos
convicção da necessidade de acabar com o financiamento privado de
campanha, que beneficia apenas alguns grupos e não considera a
importância de termos um sistema político de fato legítimo e
representativo da sociedade brasileira.
Na nossa visão é preciso
assegurar a participação de no mínimo dos 30% de mulheres candidatas
nas três esferas, bem como nos cargos públicos, levando em consideração a
possibilidade de paridade nas listas de votação APROFUNDANDO AS
DISCUSSÕES COM
A SOCIEDADE e ainda que
os próprios partidos assumam campanhas, garantindo financiamento, para
exterminar o “mito” de que mulher não vota em mulher. Por isso,
parabenizamos o esforço do Senado Federal em aprovar a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 98/2015, que reserva um percentual mínimo de
cadeiras nas representações legislativas em todos os níveis
federativos, assegurando a cada gênero percentual mínimo de
representação nas três próximas legislaturas: 10% das cadeiras na
primeira legislatura, 12% na segunda legislatura; e 16% na terceira.
Sabemos que este é um passo importante no sentido de alcançarmos uma
representação justa das mulheres no Congresso Nacional.
Lamentamos que essa mesma postura não seja vista na
Câmara dos deputados, visto que esta casa rejeitou a criação de uma
cota de 15%, que seria aplicada gradualmente, para as mulheres em todas
as cadeiras parlamentares do país, revelando o posicionamento machista e
conservador que infelizmente ainda impera naquele espaço.
Não podemos admitir que
um país que é referencia na luta e na conquista por políticas públicas
se mantenha em uma situação de tanto atraso no que se refere à
representação das mulheres nas instâncias de poder.
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FONTE: Alessandra Lunas - secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da 5ª Marcha das Margaridas | |||
sábado, 29 de agosto de 2015
Participação das mulheres é uma condição necessária para a democracia
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